Mistborn | Saga Nascida nas brumas


Mistborn ou Nascido nas Brumas é uma trilogia composta pelos livros: Império Final, Poço da Ascensão e Herói das Eras, da autoria de Brandon Sanderson. Império final foi o primeiro livro publicado e é um fenómeno ao redor do mundo e bastante aclamado pelos leitores.

O primeiro livro pode ser lido de forma individual e é uma leitura muito interessante, por isso pode ser um ótimo começo para quem tem medo de arriscar na emersão da fantasia épica.

No entanto, a leitura da trilogia confere-lhe outra dimensão e muda completamente a nossa perceção da história.


 

Os universos de Brandon Sanderson são sempre os mais criativos e divertidos de ler. O planeta da saga Mistborn chama-se Scadrial e orbita em torno de um sol descrito como vermelho. Este mundo tem duas particularidades muito específicas:

·       A queda constante de cinza

·       Aparecimento de brumas durante a noite

Este planeta possui características semelhantes às da Terra com continentes, rios, montanhas e vulcões. Apesar de o presente narrativo ser muito diferente alguns dos personagens têm registos antigos de paisagens descritas de forma semelhante à terrestre, que inclui elementos como a relva e flores, o que leva a supor que este planeta possa ter tido uma aparência semelhante à Terra, mas que devido a alguma catástrofe natural se tenha transformado.

O Império final é dividido em domínios e a sua capital é Luthadel.


O Império Final tem uma sociedade que pode ser dividida entre nobres e skas (povo).

Esta é uma sociedade com uma distinção social muito marcada onde os Skas são escravizados, são pobres, não têm muita comida e morrem a trabalhar. É governada pelo Senhor Soberano que já está no poder há milhares de anos e que é visto como um deus para as pessoas e é regulada por Impositores e Inquisidores.

Este tipo de sociedade tem uma hierarquia tão opressora que é praticamente impossível para os skas se revoltarem contra o sistema imposto.


 

Scadrial, é habitado por:

·       Humanos (Nobres e Skas)

·       Inquisidores

·       Kandra

·       Kolossos

Algumas destas criaturas têm poderes mágicos chamados alomanticos e nascidos nas brumas, ferruquimistas e hemalurgistas.

Inquisidores - Mantêm o sistema do Império e da religião ao Senhor Soberano. Tem todas as características de um humano, mas distinguem-se pelas tatuagens características e pelos espigões de metal nos olhos e no corpo. Tem poderes Hemalurgicos e são tão fortes que são considerados quase imortais.

Kandra - São criaturas imortais que conseguem adquirir formas de outros seres através da ingestão dos ossos do ser original depois de morto. Mantêm relações de trabalho com os humanos sendo completamente fiéis ao contrato. São utilizados em trabalhos como falsificações de identidade e o contrato impede-os de matar humanos.

Kolossos - são criaturas gigantes azuis, conhecidas pela sua agressividade e impulsividade. Os seus corpos crescem, mas a sua pele mantém-se sempre igual ao longo da vida, o que faz com que a sua pele inicialmente esteja folgada e conforme o colosso vai crescendo a preencha até começando a rasgar. Lutam entre si até a morte e são motivo de medo para os humanos pois são uma força destruidora.

 

Livro1

O primeiro livro dá-nos a conhecer o mundo. Abre com uma cena onde é logo descrita a característica das cinzas e isso prendeu-me logo nas primeiras linhas. Este é um mundo inovador e deprimente e a descrição do ambiente faz sentir a opressão que existe nele. Assim como as brumas dão um tom mítico e de mistério característico deste mundo também.

É-nos introduzida a sociedade, a hierarquia, as crenças, o sistema mágico e conhecemos alguns personagens. Um grupo de ladrões junta-se para tentar derrubar o Império Final e uma revolução ska, este grupo é composto por Alomantes de diferentes metais e dois Nascidos nas Brumas (Vin e Kelsier, o chefe do grupo). Para isso infiltram-se na nobreza, no grupo de inquisidores e recrutam skas para serem treinados para a hora da revolta.

Neste primeiro livro é muito interessante ver o treinamento da Vin com o Kelsier, não só porque vamos aprendendo com ela sobre o funcionamento da magia, mas também pelo desenvolvimento dos laços entre eles, duas personalidades distintas que se torna quase como uma relação de pai e filha.

É muito bonito ver a Vin desenvolver confiança em outras pessoas bem aos pouquinhos. Cada personagem do grupo é único e é sempre muito divertido passar tempo com eles.

O romance deste livro é um dos que eu mais gostei de ler, pareceu-me muito real, o Elend e a Vin têm ambos personalidades muito interessantes e é engraçado ver as suas interações. Apaixonei-me pelo amor deles.

O Kelsier é um herói que eu gostei muito, apesar do que ele sofreu ele mantém a alegria e mantém toda a gente inspirada e motivada 

A amizade entre a Vin e o Sazed é das amizades que eu mais gostei de ler na vida, eles são parceiros, quando precisam encontram-se sempre um ao outro é lindo de mais.

A morte do Kelsier foi um choque, já estava à espera de que alguém morresse naquela luta, mas nunca pensei que fosse ele. Os pensamentos internos que ele vai tendo durante a luta e a crescente esperança que é cortada de um momento para o outro é de partir o coração. 

O final deste livro é incrível, o Senhor Soberano é um vilão fantástico. Ao longo do livro ele é construído como um ser imortal, super poderoso, um deus intocável e quando ele é finalmente morto e dá a conhecer que as pessoas não sabem a verdade percebemos que se calhar as coisas não são exatamente aquilo que tínhamos como certas durante todo o livro.

 

Livro2

O livro 2 é mais focado na intriga política, os personagens agora estão a lidar com as consequências da morte do Senhor Soberano e tem uma narrativa mais lenta.

Neste livro o Kandra brilha e torna-se uma personagem muito interessante. Percebemos através dele como o ser humano consegue tratar mal outra espécie (muitas vezes só porque tem medo dela, acabando por a oprimir de formas monstruosas) e é muito bonito ver como ele e a Vin constroem uma confiança e uma parceria.

É interessante ver como diferentes pessoas têm diferentes visões de como se deve liderar é bom ver como o Elend se tenta manter fiel à democracia mesmo quando toda a gente lhe diz que não é assim que se governa e mesmo depois de ser deposto.

A espécie de triângulo amoroso que quase se formou foi a meu ver um ponto negativo da história ao ponto de estragar a personagem da Vin neste livro. Ela fica ofendida quando o Elend não lhe conta imediatamente algumas coisas quando ela continua a esconder outras dele muito piores como o facto de ele ter um irmão e de ela se dar com ele. Para além do massacre que fez com o Zane.

A defesa da cidade foi de partir o coração, o momento da divisão do grupo para defender os portões já nos estava a preparar para a morte de alguém o que é difícil porque gostamos de todos eles. Aqui os poderes do Sazed voltaram a fascinar-me muito, assim como o facto de a Vin ter voltado para ele tocou-me muito porque sempre me senti muito ligada à relação de companheirismo dos dois.

Gostei muito do final deste livro pois começamos a entender a real dimensão do engano que tínhamos sobre o mundo e sobre o senhor soberano

 

Livro3

Neste livro a situação dos personagens está muito má. O Império está em muito mau estado, não há recursos suficientes, as brumas estão sempre presentes de dia e a matar pessoas, há cada vez mais cinza e há uma criatura do mal lá fora. Novamente as condições do ambiente refletem a gravidade da situação das pessoas.

Novamente é interessante ver o contraste das diferentes visões de regência de um reino tanto nos debates entre as personagens como na luta interna de Elend que sempre foi defensor da democracia. A personagem dele é a que mais muda comparado com o primeiro livro, ele continua a ter o coração no lugar certo, mas era interessante antes vê-lo como uma luz progressista num ambiente opressor que já não é mais.

A química entre a Vin e o Elend voltou e é divertido vê-los lutar juntos e ver a sua confiança um no outro.

A batalha interna do Sazed é interessante, mas acaba por se estender demasiado porque acaba por impedir o personagem de agir, o que acabou por perder a personagem tal como a de Marsh.

É muito interessante descobrir a história do mundo e do Senhor Soberano, o que altera totalmente a perspetiva dos acontecimentos do primeiro livro. Desvendamos o porquê de tudo e acaba por dar humanidade ao que foi o primeiro vilão, mostrando também a sua inteligência.

Também conseguimos perceber como é que um homem se consegue transformar em mito e de como os mitos e crenças dependem muito da interpretação das pessoas e das suas crenças. Enquanto que as pessoas que conviveram com o Kelsier sabiam as suas motivações seguidores fervorosos que interpretaram as suas frases acabando por cometer atrocidades

O mais fantástico deste livro foi a descoberta das novas criaturas! Como foram criadas e porque é muitooooooooo interessante!  A sociedade Kandra é fantástica de descobrir, as diferentes gerações, a hierarquia, a sua origem, o pacto, e a sua força de o manterem até ao fim foi o momento mais forte do livro.

O Ruin era manhoso de maaiiiiissss! Andou a controlar toda a gente sem ninguém perceber, manipulando o mínimo detalhe. Era desesperante por vezes, o que passa o sentimento da dimensão da frustração de lutar contra um deus.

final na nossa opinião foi o pior dos 3, em primeiro lugar porque não foi só uma personagem a estar no lugar de Deus mas duas seguidas, e por outro lado porque pessoalmente preferimos quando a ideia de deus é uma coisa mais subjetiva e nesta história acabou por ser apresentada como algo real.

Gostei que no fim o mundo voltou a ter flores <3


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